Fotos: André Mendes
As águas deram espaço ao chão batido. O tempo trouxe rachaduras na terra, indicando a escassez de fartura. Quem pescava, já não tinha seu sustento garantido, dificultando a chegada do pão à mesa. O comércio que pulsa fortemente na princesinha do Alto Oeste sofreu o impacto da falta d'água. O povo sobreviveu no dia a dia, recorrendo a um passado de lata d'água na cabeça, em meio ao sol escaldante para não morrer de sede.
Foram 14 anos de um cenário castigado pela aridez que tomou conta do sertão. No meio da pandemia, a chuva se fez presente dando um sinal de que Deus não esqueceu de nós, fazendo surgir as primeiras poças de água no meio a imensidão de terra seca.
Uma região inteira contabilizou cada centímetro que se acumulava às margens do sangradouro da barragem de Pau dos Ferros, criando a expectativa de ter o espetáculo das águas desaguando outra vez rumo ao rio Apodi/Mossoró. Cada minuto foi festejado por uma multidão de olhos marejados em ver a riqueza hídrica espelhando novamente o pôr do sol mais nobre da região.
O pau-ferrense que sofria com a falta de chuva no passado, hoje comemora novos tempos, novos olhares renovando a esperança sobre um destino com dias fartos,
com as águas abençoadas que caíram do céu.